segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Fatiguês



3 semanas volvidas depois do nascimento da Isabel e sinto-me… vah… sinto-me mais ou menos como me senti há alguns anos depois de uma semana de férias ( e de noitadas…) em Praga: fatiguês ! Não gozei toda a licença de paternidade obrigatória porque me pareceu um exagero passar 10 dias úteis sem trabalhar. Hoje confesso que já não penso assim!
À medida que as coisas vão acontecendo, vou relembrando palavras assustadoras que fui ouvindo ao longo dos últimos 9 meses: “Meu Deus, a vossa vida vai mudar”, “durma, durma muito” ou ainda a minha preferida “tenho um amigo que ficou com o cabelo todo branco depois do nascimento do filho”… Pois bem, digo-vos que não é nada disso!
Recordei muitas dessas palavras a semana passada quando tive de carregar 1,5 toneladas de lenha e amontoá-la na garagem… isso sim é um fardo capaz de alterar a nossa cor capilar. Tratar de uma bébé recém-nascida não custa nada para quem tem grande facilidade em dormir às prestações. Mudar fraldas, banho e vestir trapos do tamanho de uma luva são como o próprio nome indica brincadeiras de criança. Nós homens não estamos habituados a isso porque na infância brincávamos com carrinhos e naves espaciais, daí precisarmos de algum tempo de adaptação. A grande dificuldade pelo menos para mim, está relacionada com as técnicas de embalamento. Vejo com uma alguma inveja a mãe trautear algumas canções que desconheço por completo com uma voz doce e delicada que até a mim me dão sono… Quando a responsabilidade dessa tarefa recai sobre mim, nada mais me ocorre a não ser o hino da claque do Benfica SLB SLB….. SLB… glorioso SLB… glorioso SLB entoado com o tom de voz mais agudo que as minhas cordas vocais permitem (assim como se usasse roupa interior 2 números abaixo)! Optei por esse cântico por uma questão de educação como é óbvio e não interessa muito a figura penso eu, conta é o resultado e sim, tem funcionado! Quando os resultados não são muito satisfatórios, recorro ao meu trunfo infalível: esse grande clássico do Quim Barreiros, “eu gosto de mamar nas tetas da cabritinha”…
Mas a tarefa mais ingrata está até mais relacionada com a mãe. As subidas e descidas do leite são um mistério que levei 41 anos a descobrir… Não fazia ideia! Assim como não fazia ideia de que as mamas funcionam no fundo como uma máquina de sorvetes onde vais enfiando os sabores e a água por cima para depois obter uma mistura a gosto. A minha ignorância estendia-se ainda aos caroços e às necessárias massagens! Se na adolescência, esse tipo de massagem fazia parte de muitos dos meus sonhos, devo dizer que ver a mãe de lágrimas nos olhos nessa hora transformou o dito sonho em pesadelo!!!
A chuva parou e devo ir-me. Pena não ter tempo para vos contar o que aprendi sobre arrotos!!!

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