quinta-feira, 30 de outubro de 2014

os chupistas



O meu nome é Filipe… Filipe Salgado. Penso que é tempo de vos revelar que sou membro da força de elite financeira mais bem treinada e destemida do mundo. Até há um mês, pensava estar preparado para qualquer missão: controlo de contas, fecho de balanço, previsões de tesouraria, etc… independentemente do grau de perigo e dificuldade, até experimentar a missão mais arriscada de todas: controlar o orçamento familiar após o primeiro filho. Estou agora encarregado de proteger uma criança de todos os perigos do universo e portanto confrontado com duas tarefas completamente incompatíveis: reorganizar a vida doméstica e combater o mais feroz dos inimigos, as contas a pagar. Para esta missão, foi ainda destacado um agente de segurança para me dar apoio cujo nome de código é social. Até agora, o social tem sido pródigo no indeferimento das suas tarefas. Contava também com um apoio seguro cujo nome de código é saúde mas esse diz que só pode daqui a 2 meses…
Entre chupetas, fraldas e mamadas, não só terei de enfrentar um bébé que num mês conseguiu assumir o controlo da casa como o mais temível e infesto dos inimigos: as vacinas!
Fonixe

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Bath mal



Não sei se já vos tinha dito mas já là vão 3 semanas desde que a isabel nasceu. Creio já ter dito isso no post anterior, o que é de facto revelador de que perdi um pouco a noção do tempo.
Já muita gente me tinha dito que após o nascimento de um filho, as nossas prioridades invertem-se e de facto é verdade… Toda a gente sabe o gosto que tenho pelo meu trabalho e o tempo que lhe dedico. Vai daí o relaxe após o regresso a casa e o merecido descanso sempre foram uma necessidade bem apreciada. Hoje, devo dizer que aprecio de igual forma o regresso ao trabalho para relaxar um pouco do rebuliço là de casa!
Sou um homem de números, aliás, sou um homem de vastos talentos como vocês sabem mas sempre tive uma facilidade diria que inata para tudo o que seja cálculos, lógicas, números e afins (isso e decorar matrículas e números de telefone)… Tento por isso encontrar uma lógica nos comportamentos da Isabel de maneiras a estabelecer variáveis de atuação que, devidamente alinhados numa equação, me permitam definir padrões de resolução para cada chorinco. Não é fácil essa interpretação e para já o resultado é inconclusivo para não dizer infinito. Até agora, conforta-me o facto da minha filha ainda não se saber exprimir pelo que tudo o que eu faço de errado é um segredo bem guardado.
Ao contrário do que acontecia antigamente, creio que o homem moderno pretende envolver-se o mais possível em todas as tarefas relacionadas com a bébé. Não fujo à regra! A repartição das tarefas é que me parece algo que tem de ser revisto. Aliás, confesso que levei algum tempo para perceber porque é que ainda não temos um único biberão là em casa. Seguramente, a mãe já sabia que, ao dar de mamar, reserva só para si a única empreitada em que a bébé permanece quieta e calada.
A parte mais inquietante do dia é curiosamente aquela que deveria ser a mais relaxante: o banho. Ao ponto da Lígia não ter sequer ousado aventurar-se no maravilhoso mundo dos mergulhos na banheira miniatura. A dificuldade atingiu um nível que, estou seguro, na minha próxima viagem profissional, a Isabel será certamente lavada com toalhetes. Na falta de livro de instruções, decidimos seguir o melhor aconselhamento literário sobre o assunto: a revista pais & filhos. Assim, escolhemos o final do dia para o trabalho com o intuito de obter rapidamente a desejada sonolência àquela hora. Depois de montada toda a logística necessária para um banho de qualidade, autoincumbi-me de carregar a minha filha para a banheira para, pensava eu, chapinhar divertidamente com ela. Engano meu! Mal um dedo do pé da isabel entre em contacto com a água (rigorosamente a 36ºC!), de imediato, ela estica os braços para cima e as pernas para baixo (tornando-a os seus 49 cm de repente assustadoramente GRANDES) e olha para mim com uma expressão facilmente interpretável: “Mas tu estás maluco ou quê!”. A partir daí, o objetivo é tentar friccionar todos os recantos do seu corpo com a maior rapidez possível tal é a força com que ela se agarra aos já poucos pelos que tenho no braço.
Final da hora do almoço! Tempo de ir relaxar mais um pouco J


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Fatiguês



3 semanas volvidas depois do nascimento da Isabel e sinto-me… vah… sinto-me mais ou menos como me senti há alguns anos depois de uma semana de férias ( e de noitadas…) em Praga: fatiguês ! Não gozei toda a licença de paternidade obrigatória porque me pareceu um exagero passar 10 dias úteis sem trabalhar. Hoje confesso que já não penso assim!
À medida que as coisas vão acontecendo, vou relembrando palavras assustadoras que fui ouvindo ao longo dos últimos 9 meses: “Meu Deus, a vossa vida vai mudar”, “durma, durma muito” ou ainda a minha preferida “tenho um amigo que ficou com o cabelo todo branco depois do nascimento do filho”… Pois bem, digo-vos que não é nada disso!
Recordei muitas dessas palavras a semana passada quando tive de carregar 1,5 toneladas de lenha e amontoá-la na garagem… isso sim é um fardo capaz de alterar a nossa cor capilar. Tratar de uma bébé recém-nascida não custa nada para quem tem grande facilidade em dormir às prestações. Mudar fraldas, banho e vestir trapos do tamanho de uma luva são como o próprio nome indica brincadeiras de criança. Nós homens não estamos habituados a isso porque na infância brincávamos com carrinhos e naves espaciais, daí precisarmos de algum tempo de adaptação. A grande dificuldade pelo menos para mim, está relacionada com as técnicas de embalamento. Vejo com uma alguma inveja a mãe trautear algumas canções que desconheço por completo com uma voz doce e delicada que até a mim me dão sono… Quando a responsabilidade dessa tarefa recai sobre mim, nada mais me ocorre a não ser o hino da claque do Benfica SLB SLB….. SLB… glorioso SLB… glorioso SLB entoado com o tom de voz mais agudo que as minhas cordas vocais permitem (assim como se usasse roupa interior 2 números abaixo)! Optei por esse cântico por uma questão de educação como é óbvio e não interessa muito a figura penso eu, conta é o resultado e sim, tem funcionado! Quando os resultados não são muito satisfatórios, recorro ao meu trunfo infalível: esse grande clássico do Quim Barreiros, “eu gosto de mamar nas tetas da cabritinha”…
Mas a tarefa mais ingrata está até mais relacionada com a mãe. As subidas e descidas do leite são um mistério que levei 41 anos a descobrir… Não fazia ideia! Assim como não fazia ideia de que as mamas funcionam no fundo como uma máquina de sorvetes onde vais enfiando os sabores e a água por cima para depois obter uma mistura a gosto. A minha ignorância estendia-se ainda aos caroços e às necessárias massagens! Se na adolescência, esse tipo de massagem fazia parte de muitos dos meus sonhos, devo dizer que ver a mãe de lágrimas nos olhos nessa hora transformou o dito sonho em pesadelo!!!
A chuva parou e devo ir-me. Pena não ter tempo para vos contar o que aprendi sobre arrotos!!!