Não sei se vos tinha dito mas o atentado à redação do
Charlie Hebdo é algo que me revolta…
Muito tenho lido a este respeito… Concordo com algumas
opiniões, respeito outras e algumas revoltam-me, tanto quanto o atentado propriamente
dito. Devo dizer que a minha causa não se prende com a liberdade de expressão
ou o jornalismo, patati patata… Essa batalha está perdida há muito. Nem sequer sou
fã do tipo de jornalismo provocatório e tendencioso do Charlie mas respeito-o.
Opto sempre por jornais que informam sem cair na tentação de direcionar a
notícia para a esquerda ou para a direita e ainda menos para as extremidades.
Conheço algumas pessoas muçulmanas, trabalhei inclusive com
algumas… boas pessoas… genuínas! Respeitei e respeito a sua religião colocando
aqui e ali algumas aspas mentais quanto a algumas práticas mas bom… reconheço
que também coloco as mesmas aspas quando vejo certas práticas do Cristianismo. A
isso chama-se respeitar para ser respeitado!!
O que me parece é que muitos não perceberam que o respeito tem
de acabar quando certas práticas vão além do admissível. Não contem comigo para
estar calado quando alguém que fala e expressa a sua opinião pode ser morto por
ter ideais diferentes… MORTO, não cá as faltas de respeito de que muitos falam.
Não contem comigo para aceitar que a mulher é um ser inferior que não tem
direito a voto nem a conduzir e que só existe para servir os homens… calada e
sem se atrever a olhá-los nos olhos. Não contem comigo para aceitar que um
miúdo de 5 anos possa desatar aos pontapés à mãe só porque é homem (eu assisti
a esta cena). Não contem comigo para aceitar que uma mulher com funções
superiores num hotel em Marrocos não tinha nenhum homem na aldeia que aceitasse
casar com ela (eu trabalhei com essa mulher). Exercia com maestria as suas
funções durante o dia e a noite, recolhia-se a humilde casa dos seus pais e
irmãos (que sustentava sozinha!) a pé, cabisbaixa, com um lenço a tapar a
cabeça. Não contem comigo para aceitar que se entreguem armas a crianças para
que elas apoiem as “cruzadas” à moda da idade média e façam uma limpeza
religiosa pelo mundo; pelos vistos que irão começar por Portugal e Espanha.
O charlie não matou ninguém!!! Talvez não tenha respeitado
aquilo que vai além do admissível. É isso…
“Je suis este Charlie”!